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  • Foto do escritorAndrea Quirino

Você sabe o que é e como se forma o Superego?


O superego tem as funções morais da personalidade, funcionando com auto-observação crítica, buscando a retidão com forte exigência de culpa ou punição, e recompensa por pensamentos e ações virtuosas.

Cada indivíduo possui pensamentos e desejos que o superego repudia e suas funções atuam no inconsciente. É formado na infância, e é o que a criança internaliza de cada genitor, ou seja, a criança internaliza o superego dos pais, cuidadores, professores.

Uma parte do superego vai estabelecer o que é certo e o que é errado. Outra parte contém características dignas de elogio e aprovação geral, chamada Ego-ideal. Freud chamou de “auto-observação”, “consciência moral”, que é responsável pela formação de culpas, e “ideal”, que dá o sentimento de inferioridade quando não se atinge os ideais.

Freud correlacionou a gênese do superego com a dissolução do complexo de Édipo. A criança, ao renunciar aos sentimentos agressivos pelo genitor do mesmo sexo, e desistir de seus desejos pelo genitor do sexo oposto, ela pode identificar-se com partes de seus pais e tomá-las como parte de si, internalizando seus pais.

Além das proibições e exigências morais, há também a internalização dos hábitos de higiene. Antes da internalização, a criança pode proceder de forma moral exigida pelo ambiente apenas por medo da punição, mas quando zangada com a mãe ou sozinha, fará suas ações fora desse padrão moral exigido.

Então, por volta dos 5 ou 6 anos, a moralidade passa a ser uma questão íntima, e as exigências ou reprimendas vêm de dentro de si. Para Freud, a origem do superego está na exigência de repudiar desejos incestuosos e hostis, que habitavam em seu complexo de Édipo. Há, assim, uma submissão permanente aos pais.

Como os pais tendem a educar seus filhos tal qual foi a disciplina dada por seus próprios pais, há em certa medida a conservação de códigos morais que mantém certas estruturas sociais em funcionamento.

Como o superego é herdeiro direto do complexo de Édipo, têm suas raízes profundas no Id, ou seja, seus impulsos incestuosos e homicidas estão reprimidos e continuam e viver no Id.

Um superego com alta severidade tem a ver mais com os níveis reprimidos de desejos sexuais e de agressão do complexo edípico da criança do que com o grau de exigência e severidade dos pais.

Na bibliografia da Psicanálise convencionou-se chamar superego de "estrutura de conjunto" que contém subestruturas como ego auxiliar, ego ideal, ideal de ego, alter ego, todos com seus determinados significados.

No termo ego-auxiliar os objetos superegóicos são introjetados e se organizam como aliados do ego, de forma amistosa e benéfica, e não tirânica. O ego ideal é considerado herdeiro direto do narcisismo original e tem ilusões ideais inancalçáveis, como explicado acima.

O ideal de ego se origina do ego ideal da criança, projetado e idealizado nos pais, abrindo espaço para que haja possibilidade do indivíduo se submeter ao que acredita que os outros esperam que ele seja, permitindo situações de vergonha por não corresponder às expectativas alheias. Alter ego é quando o indivíduo constrói um duplo de si mesmo imaginário, um outro eu alternativo, a partir de seus objetos introjetados superegoicos.

Alguns autores acreditam, no entanto, que o superego precede a fase de resolução edípica, já que com a "moral dos esfíncters” muitos aspectos referentes a esse assunto são aprendidos no momento anterior ao conflito do complexo de Édipo.

Portanto, temos aqui uma questão delicada quanto ao cuidado e atenção com as crianças em seu primeiro setênio de vida. Como sociedade, quando avançamos na compreensão e na qualidade do trato infantil podemos avançar na forma de construir e fomentar a saúde mental.

Uma criança tem necessidade de ser receptora de cuidados e atenção, receber nutrição, higiene, se sentir vista, ouvida, considerada. Poder viver num clima de harmonia e ser reconhecida em suas peculiaridades. Se sentir pertencente ao seu grupo familiar, ter lugar, ser protegida.

As fases do pós-parto, incluindo o cuidado com a mãe do bebê, a fase da amamentação, a fase do desfralde, da aquisição da linguagem, das rotinas de higiene e, enfim, a fase do complexo de Édipo constituem a base que nos permite amadurecer e sermos adultos funcionais, com ego firme e flexível. A saúde mental dos cuidadores também marca a criança em seu modo de ver e conhecer o mundo.

A construção do ego e do superego permeia o que será possível em termos de vida adulta saudável, o quanto buscamos possibilidades construtivas, o sentimento de completude e realização pessoal, a possibilidade de desenvolvermos relações significativas.

Fazer terapia vai permitir alcançar a cura dos vazios doloridos das necessidades infantis não atendidas, nos apoiando na promoção de um ancoramento numa vida adulta satisfatória e na reconstrução de certos sentidos e conexões simbólicas, assim como também pode nos apoiar na função de pais e cuidadores que promovem mais saúde mental em suas crianças.


Texto: Andrea Quirino

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